sexta-feira, 27 de março de 2015

Jundiaí irá inaugurar o primeiro Estação Juventude de SP


Uma resposta do Governo Federal que visa oferecer à juventude brasileira um espaço onde o segmento poderá se empoderar da estrutura pública


Desde a primeira Conferência Nacional de Juventude realizada em 2008, o governo trabalha em cima de uma carta de reivindicações dos jovens que pede, antes de tudo, o reconhecimento do termo “juventude” como segmento da sociedade brasileira. Como resultado da pauta, em 2010 a Emenda Constitucional nº 65 foi aprovada e a partir deste momento, o poder público passou a formular políticas públicas que atendessem pessoas de 15 a 29 anos.

Antes, não havia especificação para este segmento - que tinha parcela de seu contingente atendido pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) -, mas que, após o reconhecimento, pode ter seu estatuto específico aprovado em 2013. Toda essa adequação legal preparou o terreno para que programas como a Praça da Juventude, Centro de Juventude e Estação da Juventude saíssem do papel e um novo cenário se apresentasse.

Os movimentos organizados de juventude correm para criar uma estrutura robusta para adequar o Brasil ao presente de sua sociedade, pois vivemos o chamado “boom da juventude”, o maior número de jovens da história, aproximadamente 50 milhões, e políticas públicas temáticas são necessárias para atender as demandas. Foi assim que a Secretaria Nacional de Juventude lançou em 2013 o edital do programa Estação Juventude, Jundiaí foi uma das cidades contempladas e será a primeira a lançar em todo o estado. 

Um espaço destinado aos jovens, que realiza diversas atividades e fornece informações que facilitam o acesso a serviços e políticas públicas. O programa será inaugurado no dia 4 de abril em Jundiaí, às 16h, no Complexo Fepasa, e contará com a presença do prefeito Pedro Bigardi (PCdoB) e do secretário Nacional de Juventude da Presidência da República, Gabriel Medina.

Segundo a titular da Coordenadoria, Narrinam Camargo, o projeto deve conceder diversos serviços para promover a inclusão da juventude. “O espaço oferece informações sobre programas e ações para os jovens, além de orientação, encaminhamento e apoio para que eles próprios tenham condições de construir as suas trajetórias e buscar as melhores formas para a sua formação”, explica.

Logo no primeiro dia, os participantes poderão prestigiar a atração musical Ocupação Favela Sound System e a Intervenção Street Art. “Dentro da programação teremos uma série de workshops e oficinas como de mídia independente, com o coletivo Mídia Ninja, midiativismo, oficinas de percussão e dança de maracatu, fotografia, moda, construção de jardim vertical e ocupações musicais”, disse Narrinam.

Além de contar com uma estrutura fixa, o programa também irá promover oficinas volantes dialogando com os jovens de todas as regiões da cidade. A inauguração será aberta ao público, assim como todas as atividades ministradas no local, porém, quem tiver interesse em participar, deve verificar o calendário no site da Prefeitura de Jundiaí e realizar a inscrição, que é gratuita e, estará disponível a partir da próxima semana.

O Complexo Fepasa fica na avenida União dos Ferroviários, 1760 em Jundiaí.


Por Felipe Andrade, com assessoria



sexta-feira, 20 de março de 2015

Uma política diferente

Com o slogan “Uma política diferente", Manuela D'avila, vem fazendo história na sua geração. Nascida em Porto Alegre, no dia 18 de agosto de 1981, Manuela iniciou sua carreira política no ano de 1999, através do movimento estudantil, no qual, foi vice-presidente da (UNE) União Nacional dos Estudantes, diretora nacional da UJS (União da Juventude Socialista), conselheira do Conselho Universitário da UFRGS e coordenadora do Centro de Estudantes de Ciências Sociais.

A migração da política estudantil para a política partidária, não demorou muito, no ano de 2001, Manu, como é chamada pelos seus amigos e eleitores, filiou-se ao PCdoB (Partido Comunista no Brasil) em que deu início a meta de lutar pelos interesses da juventude. Colocando seus objetivos em prática, ela vem construindo uma carreira solida e de extremo sucesso.

Em 2010, com quase meio milhão de votos, Manuela foi eleita a deputada mais votada da história do Rio Grande do Sul e a deputada mais votada do Brasil. Em 2004 foi eleita a mais jovem vereadora , de Porto Alegre, em 2006 foi eleita a deputada federal mais votada do RS, em 2013 foi escolhida como líder da bancada do PCdoB na Câmara dos Deputados, foi relatora da Lei dos Estágios, do Estatuto da Juventude e do Vale-Cultura, foi presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias e vice-presidente da Comissão de Trabalho, de Administração e Serviço Público.

Com uma carreira solidificada e seguindo o caminho contrário da maioria dos políticos que residem e atuam em Brasília, no ano de 2013, surpreendendo a todos, a deputada resolveu deixar Brasília e voltar para o Rio Grande, sua terra natal. Alegando ter cumprido seu ciclo, Manuela relatou que não houve desencanto na capital do país, entretanto, necessitava ouvir as ruas. Em entrevista concedida a uma revista de grande circulação, ela fez um balanço de sua carreira política e resumiu Brasília como "complexa e desafiadora".

De volta ao Rio Grande, em Outubro de 2014, Manuela mais uma vez levou o título de mais votada em uma eleição. Com 222.436 votos, ela foi eleita a deputada estadual mais votada do Rio Grande do Sul, iniciando um novo ciclo em sua militância, pois essa é a primeira vez em que assume um cargo na Assembleia Legislativa. Em entrevista a uma rádio local, logo após a apuração dos votos, a deputada eleita se manifestou a respeito da quantidade de votos dizendo que "É o reconhecimento do meu trabalho e vou compartilhar essa felicidade trabalhando muito na Assembleia”.





Fontes http://pt.wikipedia.org/wiki/Manuela_d%27%C3%81vila
http://www.manuela.org.br/
http://ultimosegundo.ig.com.br/manuela-davila/4f872c85d14d951b1200013b.html
http://zh.clicrbs.com.br/rs/noticias/eleicoes-2014/noticia/2014/10/manuela-d-avila-e-a-campea-de-votos-para-a-assembleia-4614756.html


Por Luciana Faustine

quinta-feira, 19 de março de 2015

Agora e sempre

Quando a tropa para lutar na guerrilha do Araguaia começou a se formar, dezenas de jovens de diversas partes do país deixaram sua cidade para se juntar ao grupo que tinha o objetivo de lutar pela democracia. Entre esses jovens que lutara destemidamente, estava Helenira Rezende de Souza Nazareth.

Conhecida pelo codinome Fátima, Helenira Rezende nasceu no dia 19 de Janeiro de 1944 na cidade de Cerqueira César, interior paulista. Filha de um médico e jornalista membro do PC do B (Partido Comunista do Brasil) a menina desde cedo teve contato com a política, lendo os livros do pai e participando diariamente de discussões com os pais e as cinco irmãs, além da tia, também comunista.

Com essa base, ela ia crescendo e alimentando opiniões muitas vezes distintas em comparação com as meninas de sua idade. A preocupação com questões sociais e a dedicação ao estudo do marxismo contribuíram para que fosse uma liderança no meio estudantil de sua cidade, tendo sido a primeira presidente e fundadora do Grêmio Estudantil da escola Prof. Clibas Pinto Ferraz.

Helenira desejava se tornar critica literária e assim resolveu estudar em São Paulo, onde já estudavam suas irmãs. Na capital paulista, começou a cursar Letras na Faculdade de Filosofia da USP época em que sua participação política se intensificou. A jovem colocava em circulação posições avançadas para o período, produzia peças de teatro consideradas subversivas e em 1968 foi eleita vice-presidente da UNE (União Nacional dos Estudantes).

Presa pela primeira vez em maio de 1968, quando conclamava alguns colegas a participarem de uma passeata, ela não se intimidou e veio a ser presa novamente no 30º Congresso da UNE, em Ibiúna (SP), juntamente com outros 800 estudantes. Para os policiais, ela era uma das líderes do movimento e assim, foi transferida do Presídio Tiradentes ao DOPS, onde foi jurada de morte pelo delegado Sérgio Paranhos Fleury, antes de ser transferida para o Presídio de Mulheres do Carandiru e conseguir um habeas corpus que lhe garantiu a liberdade na véspera da edição do AI-5.

Livre, Helenira resolveu ir para o Araguaia, onde no dia 29 de setembro de 1972 foi assassinada com golpes de baioneta.

Segundo declarações da ex-presa política Elza de Lima Monnerat, em Auditoria Militar, Helenira, ao ser atacada por dois soldados, que a metralharam nas pernas, matou um deles e feriu outro. Em 6 de junho de 1979, um jornal publicou sobre Helenira que: “… o lugar onde estava virou uma poça de sangue, conforme falaram soldados do PIC (Pelotão de Investigações Criminais)… e confirmaram que a coragem da moça irritou a tropa." No jornal "A Voz da Terra", de 8 de fevereiro de 1979, há uma extensa matéria que, sob o título "A Comovente História de Helenira", conta a história dessa combatente pela liberdade no Brasil.

Em entrevista a um jornalista na floresta, Helenira relembrou acontecimentos dos anos do movimento estudantil, afirmando: "Esse regime que ensanguenta o Brasil precisa ser derrubado. Isto está na cabeça e no coração de milhões de jovens." E continuou a entrevista enviando uma mensagem de confiança aos estudantes: "Empunhem firmemente a bandeira da liberdade, não deem trégua à ditadura; quem persiste na luta acaba triunfando".

Helenira Rezende? PRESENTE! AGORA E SEMPRE.



Fontes http://pt.wikipedia.org/wiki/Helenira_Rezende
http://www.pedagogiadaterra.ufscar.br/helenira-rezende
http://www.une.org.br/2014/06/helenira-rezende-presente-agora-e-sempre/

Por Luciana Faustine

quarta-feira, 18 de março de 2015

Simplesmente Chiquinha

Francisca Edwiges Neves Gonzaga, mais conhecida como Chiquinha Gonzaga, foi uma compositora, maestrina, pianista e regente brasileira. Nascida no Rio de Janeiro em 17 de outubro de 1847, Chiquinha foi também a primeira pianista de choro, autora da primeira marcha carnavalesca e a primeira mulher a reger uma orquestra no Brasil.

Filha de José Basileu Gonzaga, general do Exército Imperial Brasileiro e de Rosa Maria Neves de Lima, uma escrava alforriada, de personalidade afável e humilde, Chiquinha também era afilhada de Luís Alves de Lima e Silva, o Duque de Caxias, o que fez com que ela tivesse uma educação extremamente rígida. Quando criança, teve aulas de música com o Maestro Lobo, considerado um fenômeno musical, entretanto, também demonstrou interesse por ritmos oriundos da África e assim, passou a frequentar rodas de lundu, umbigada entre outros.

Cada dia mais apaixonada por música, aos 11 anos de idade iniciou sua carreira de compositora, com uma canção natalina "Canção dos Pastores". Aos 16 anos, por imposição da família do pai, casou-se com Jacinto Ribeiro do Amaral, oficial da Marinha Imperial brasileira e logo engravidou. Não suportando a reclusão do navio onde o marido servia, (já que ele passava mais tempo trabalhando no navio do que com ela) e as ordens dele para que não se envolvesse com a música, no ano de 1869 e já mãe de dois filhos, ela se separa do marido, provocando um grande escândalo na sociedade, afinal uma mulher desquitada não era aceita naquela época.

Anos após se separar do marido, Chiquinha reencontra um amor do passado, o engenheiro João Batista de Carvalho. Com João, ela teve uma outra filha, toda via motivada pelas traições do companheiro, ela mais uma vez se separa, sendo obrigada a deixar sua filha com ele, que não permitiu que ela criasse a menina, a pequena Alice.

Em 1879, solteira e criando apenas o primeiro filho, João Gualberto, Chiquinha começa a tocar instrumentos músicas se utilizado apenas do auto didatismo. Em 1880, começa a dar aulas de diversas matérias, é dessa forma que ela consegue se manter durante alguns anos, até chegar o momento em que consegue se estabelecer na música.

Apesar de todo preconceito sofrido, por ser uma mulher separada e criar um filho sozinha, Chiquinha Gonzaga se tornou uma grande referência musical, tornou-se também compositora de polcas, valsas, tangos e cançonetas, uniu-se a um grupo de músicos de choro, que incluía ainda o compositor Joaquim Antônio da Silva Callado.

Aos 52 anos, depois de já ter uma carreira de sucesso, Chiquinha conhece João Batista Fernandes Lage, um jovem de 16 anos, cheio de vida e talentoso aprendiz de musicista, por quem ela se apaixonou. Ele também se apaixonou perdidamente por ela e temendo o escândalo que essa relação causaria e a maneira negativa que afetaria sua carreira, ela então fingiu adota-lo e mudou-se com ele para Portugal, vivendo por muito tempo de forma discreta e tranquila.

Depois de anos vivendo ao lado de João Lage fora do Brasil, o casal resolve retornar o país e continuar a relação que só foi descoberta através de fotos e cartas encontradas após a morte da artista. Chiquinha faleceu no dia 28 de Fevereiro de 1935 então com 87 anos, ao lado de João Batista Lage, seu grande amigo, parceiro e fiel companheiro, seu grande amor.


Por Luciana Faustine

terça-feira, 17 de março de 2015

Nota de repúdio contra o ataque à democracia


O Brasil vive hoje um momento de efervescência de disputa de ideias que só é possível porque muitos jovens lutaram contra a ditadura militar e colocaram suas vidas pela liberdade e democracia. Com o golpe de 1964 e o ato inconstitucional nº 5 em 1968 todas as liberdades foram tiradas do povo e o contraditório foi jogado na clandestinidade sendo perseguido pela tortura e a morte.

Foi assim que jovens como Antonio Guilherme Ribeiro Ribas, Helenira Rezende, Osvaldão, Honestino Guimarães, Edison Luís, Dina e tantos outros foram assassinados pelo regime de arbítrio por não concordarem com este. Mas hoje vivemos um momento diferente, onde as pessoas podem se posicionar publicamente pedindo mudanças do modo que desejaram desde que respeitem a Carta Magna, a constituição cidadã, garantia de direitos de 1988.

Por isso, repudiamos o atentado sofrido pela sede do Partido dos Trabalhadores de Jundiaí na madrugada de domingo (15), pois fere os princípios de liberdade partidária e da democracia. Um partido político que atua no espaço democrático tem de ter seus direitos assegurados para tal e a perseguição e obscuridade não podem tentar intimidar o posicionamento de seus militantes.

Não aceitamos a perseguição a qualquer partido, a qualquer ideia que não  tenha como pano de fundo o ódio e nos colocamos totalmente contrários aos movimentos que atuam tendo como força motriz o ódio, a eles ofertamos nossa luta por mais igualdade, direitos, fim dos preconceitos e mais democracia, pois acreditamos que o amor sempre vai vencer o ódio.


União da Juventude Socialista (UJS)

Herdeiros das guerrilheiras e guerrilheiros do Araguaia
Um beijo no seu coração

Cantora, compositora, comentarista, atriz e deputada estadual. Leci Brandão da Silva nasceu em Madureira, Rio de Janeiro, no dia 12 de Setembro de 1944. Primeira mulher a fazer parte da ala de cantores da mangueira, sua carreira é marcada por temas sociais e ideológicos, dos quais ela nunca abriu mão.

Durante cinco anos ficou sem gravar nenhum disco por absoluta questão política, as gravadoras não aceitavam suas canções marcadas pelas letras sociais. Ela cantava a defesa das minorias e era convocada para cantar em todos os eventos afinados com sindicalistas, estudantes, índios, prostitutas, gays, partidos de esquerda, movimentos de mulheres e principalmente o Movimento Negro.

Apesar da resistência das gravadoras em aceitar seu trabalho, que não era visto como comercial, Leci não se intimidou e continuou sua carreira pautando suas letras em temas sociais e políticos.Nos últimos vinte anos todos os seus discos contêm uma faixa falando do assunto de forma direta, transparente e apaixonada. É a cantora das comunidades e sente muito orgulho por isto.

Leci começou sua carreira cantando na noitada de samba do Teatro Opinião, local onde fora descoberta pelo crítico e jornalista Sergio Cabral, que a convidou para gravar um disco pela gravadora Discos Marcus. Esse trabalho, embora fosse sua estreia, lhe rendeu diversos prêmios e um contrato com a gravadora.

Após premiações importantes, apresentações na Dinamarca, África, representar Chiquinha Gonzaga na comissão de frente da Mangueira e participar ativamente das campanhas políticas dos partidos de oposição, realizando diversos shows beneficentes em defesa de todas as minorias, no ano de 1988 Leci lança "UM BEIJO NO SEU CORAÇÃO", seu 8º LP, que lhe rendeu seu primeiro disco de ouro, apenas o começo de uma carreira que comemora 47 anos e conta com mais de 20 discos.

Sucesso na música e na dramaturgia, contando que suas participações em novelas foram bem sucedidas, no ano de 2010 a cantora que já era velha conhecida dos partidos políticos de esquerda, resolveu ingressar na política, filiando-se ao PCdoB (Partido Comunista do Brasil) e candidatando-se a deputada estadual.

Eleita com 85 mil votos, a agora deputada Leci Brandão, mais uma vez direciona seu trabalho em defesa das minorias, atuando em projetos de inclusão de negros nas universidades, no respeito à Lei Maria da Penha, defesa dos professores, e no combate à intolerância religiosa e à homofobia, mostrando que na musica ou na política, ela sempre será a pessoa da comunidade e atuará para a comunidade.



Por Luciana Faustine 


Fontes: http://www.lecibrandao.com.br/historia/historia.php
http://pt.wikipedia.org/wiki/Leci_Brand%C3%A3o
http://www.eleicoes2014.com.br/leci-brandao/



segunda-feira, 16 de março de 2015

Tarda mas não falha

Tarda, tarda, tarda mas não falha aqui está presente à juventude do Araguaia. Qualquer pessoa que participe de alguma organização política, movimento estudantil ou algo parecido, provavelmente em algum momento da vida já escutou esse grito de guerra. Escrito em homenagem aos guerrilheiros do Araguaia, o grito é uma forma de sempre relembrar aqueles que morreram e desapareceram quando lutavam pela democracia em um país tomado pela repressão da ditadura militar.

A Guerrilha do Araguaia foi um movimento guerrilheiro existente na região amazônica brasileira, ao longo do rio Araguaia, entre fins da década de 1960 e a primeira metade da década de 1970. Criada pelo Partido Comunista do Brasil (PCdoB) tinha por objetivo lutar pela liberdade e pela democracia no país que vivia sob a perplexidade do temido Ato institucional nº 5 (AI5), publicado no dia 13 de dezembro de 1968 e que dentre outras coisas, permitia ao presidente cassar mandatos e suspender os direitos políticos de qualquer cidadão por dez anos.

Entre os diversos guerrilheiros desaparecidos no Araguaia, estava Dinalva Conceição Oliveira Teixeira ou "Diná do Araguaia", como era conhecida. Diná nasceu no estado da Bahia, em Castro Alves, no dia 16 de Maio de 1945. Em 1968, formou-se em Geologia na Universidade Federal da Bahia (UFBA) e em maio de 1970, juntamente com seu marido, Antônio, chegou ao Araguaia para iniciar a luta armada rural contra o governo militar. Como professora e parteira, ganhou fama e admiração entre os habitantes da região, nos anos de preparação da guerrilha, entre 1970 e 1972.

Seu preparo físico, força, facilidade de enfrentamento, espírito de liderança e personalidade decidida, lhe renderam a fama de invencível. Foi a única mulher a ser vice- comandante de um destacamento da guerrilha, enfrentou tropas militares por várias vezes, ferindo soldados e oficiais, sempre conseguindo escapar dos cercos do inimigo. Os militares tinham especial determinação em achá-la, considerando-a "perigosíssima" e uma ameaça à ação militar na região, no intuito de destruir o mito criado entre o povo do Araguaia para desmoralizar a guerrilha. Sua morte tornou-se necessária para o exército.

Após sobreviver ao ataque à comissão militar da guerrilha, ocorrido no dia 25 de Dezembro de 1973, que matou cinco guerrilheiros, Diná embrenhou-se na mata juntamente com outros companheiros, e ficou desaparecida até Junho de 1974, quando foi presa pelos militares. Enfraquecida, doente e desnutrida, ela foi levada à base em Xambioá onde foi torturada por duas semanas para que prestasse informações sobre a guerrilha.

Em dia não identificado ainda no mês de Junho de 74, foi colocada num helicóptero pelo então capitão Sebastião de Moura e levada para uma mata próxima, onde foi executada à tiros. Dada como desaparecida política, seu corpo nunca foi encontrado.


Por Luciana Faustine


Fontes http://www.rebelion.org/hemeroteca/brasil/040326alves.htm
http://pt.wikipedia.org/wiki/Dinalva_Oliveira_Teixeira
http://www.istoe.com.br/reportagens/detalhePrint.htm?idReportagem=2364&txPrint=completo

domingo, 15 de março de 2015

Pagu da pá virada

Seu nome de batismo era Patrícia Rehder Galvão, entretanto, após uma confusão do poeta Raul Boop, que achando que ela chamava-se Patrícia Goulart, deu lhe o apelido de Pagu, nome que a tornou uma imortal para aqueles que a conheceram, e a colocou nas páginas dos livros de história para as futuras gerações.

Filha de uma família tradicional, Pagu nasceu no dia 9 de junho de 1910 na cidade de São João da Boa Vista e mudou-se para capital em 1912, então com dois anos de idade. Morou na Liberdade, no Brás, na Aclimação, na Bela Vista e em uma chácara no então município de Santo Amaro. Depois de breves períodos no Rio de Janeiro e em Paris, para fugir da repressão, mudou-se para Santos, onde morreu em decorrência de um câncer. Por conta da doença, Patrícia tentou suicídio, o que não se consumou. Sobre o episódio, ela escreveu no panfleto "Verdade e Liberdade": "Uma bala ficou para trás, entre gazes e lembranças estraçalhadas".

Ainda na adolescência já era considerada uma mulher a frente de seu tempo, pois já cometia “extravagâncias" como: Fumar na rua, usar blusas transparentes, manter os cabelos bem cortados e eriçados e dizer palavrões, comportamento considerado abusivo para uma moça daquela época. Aos quinze anos passou a colaborar no jornal "Brás Jornal" com o pseudônimo de Patsy. Aos 18 anos, integrou-se ao movimento antropofágico, de cunho modernista, sob a influência de Tarsila do Amaral e Oswald de Andrade que anos depois se divorciaria de Tarsila para casar-se com ela, tornando-se pai de seu primeiro filho, Rudá de Andrade.

Ao lado de Oswald, iniciou sua carreira política ao filiar-se no partido comunista. Aos 20 anos de idade, após incendiar o bairro do Cambuci em protesto contra o governo provisório, comandou uma greve de estivadores em Santos, onde foi presa pela primeira vez, das 23 prisões que ainda iriam ocorrer ao longo da vida, tornando-a primeira mulher a ser presa no Brasil por motivos políticos.

Sua vida política sempre andou de mãos dadas com sua vida literária. Em 1933 publicou o romance "Parque Industrial", sob o pseudônimo de Mara Lobo, considerado o primeiro romance proletário brasileiro. Em 1940, após filiar-se ao Partido Comunista da França, passar cinco anos presa, ser torturada pela ditadura de Getulio Vargas, desligou-se do PCB e aderiu ao trotskismo e então passou a incorporar à redação do jornal "A Vanguarda Socialista". Em 1945, já separada de Oswald, casou-se com Geraldo Ferraz, jornalista da “Tribuna de Santos", cidade onde passaram a viver e em 1946, passou a ser colaboradora regular no Suplemento literário do “Diário de S. Paulo”. Nessa época, já era mãe de Geraldo Galvão Ferraz, seu segundo filho, fruto de seu segundo casamento.

Pagu também tentou sem sucesso, uma vaga de deputada estadual nas eleições de 1950, frequentou a Escola de Arte Dramática de São Paulo, escreveu contos policiais, sob o pseudônimo King Shelter, publicados originalmente na revista Detective, dirigida pelo dramaturgo Nelson Rodrigues, foi correspondente de vários jornais, entrevistou Sigmund Freud, assistiu à coroação de Pu-Yi, o último imperador chinês, trabalhou como crítica de arte revelou e traduziu grandes autores até então inéditos no Brasil como James Joyce, Eugène Ionesco, Fernando Arraba e, por intermédio de Pu-Yi, conseguiu sementes de soja, que foram enviadas ao Brasil e introduzidas na economia agrícola do país.

No dia 11 de Dezembro de 1962, um dia antes de sua morte, um último texto seu foi publicado, o poema "Nothing".

Nothing

Nada nada nada
Nada mais do que nada
Porque vocês querem que exista apenas o nada
Pois existe o só nada
Um pára-brisa partido uma perna quebrada
O nada

Fisionomias massacradas
Tipóias em meus amigos
Portas arrombadas
Abertas para o nada
Um choro de criança
Uma lágrima de mulher à-toa
Que quer dizer nada
Um quarto meio escuro
Com um abajur quebrado
Meninas que dançavam
Que conversavam
Nada

Um copo de conhaque
Um teatro
Um precipício
Talvez o precipício queira dizer nada
Uma carteirinha de travel’s check
Uma partida for two nada
Trouxeram-me camélias brancas e vermelhas
Uma linda criança sorriu-me quando eu a abraçava
Um cão rosnava na minha estrada
Um papagaio falava coisas tão engraçadas
Pastorinhas entraram em meu caminho
Num samba morenamente cadenciado
Abri o meu abraço aos amigos de sempre
Poetas compareceram
Alguns escritores
Gente de teatro
Birutas no aeroporto
E nada.

.


Por Luciana Faustine


 Portal vermelho. Cem anos de Pagu, musa do modernismo, 
http://www.pagu.com.br/blog/obras-e-textos-pagu/nothing/


sábado, 14 de março de 2015

Meu legado

Carolina Maria de Jesus
Filha de mãe solteira, Carolina Maria de Jesus, nasceu na cidade de Sacramento, estado de Minas Gerais, no dia 14 de Março de 1914. Por se filha ilegítima, como era considerada a criança filha de um homem casado, a pequena Carolina não teve uma vida fácil. Aos sete anos de idade foi obrigada pela mãe a frequentar uma escola, que era custeada pela esposa de um rico fazendeiro, entretanto, só a frequentou até o segundo ano, tendo apenas aprendido a ler e escrever.

Aos 23 anos de idade, sua mãe veio a falecer, o que a fez decidir migrar para a capital Paulista, toda via, a mudança só aconteceu no ano de 1947, dez anos após a morte de sua mãe e momento em que as favelas começavam a nascer nas grandes metrópoles.

Foi na favela de Canindé que a escritora deu início a sua vida na nova cidade. Logo depois conseguiu emprego na casa do médico Euryclides Zerbini, precursor da cirurgia do coração no Brasil e que a deixava usufruir de sua biblioteca.

De personalidade forte, pulava de emprego em emprego, até engravidar de seu primeiro filho, João José, em 1948. Logo depois vieram José Carlos e Vera Eunice, cada um de um pai diferente.

Solteira e com três filhos, começou a catar papel para sustentar a família. Toda a noite saía em busca de reciclados e foi através desse ofício que descobriu a possibilidade de escrever. Quando encontrava revistas e cadernos antigos, Carolina os guardava para escrever em suas folhas. Começou a escrever contos, poesias, romances, sobre seu dia-a-dia, sobre como era morar na favela, sobre seus vizinhos... Provocando assim o descontentamento deles, que se sentiam invadidos e ameaçados quando ela lhes dizia que estava escrevendo um livro e que os colocaria nele.

Em uma dessas confusões já consideradas corriqueiras, seu caminho se cruzou com o do Jornalista Audálio Dantas, que a descobriu como escritora. Ao ouvir que Carolina estava escrevendo um livro, Audálio sentiu-se instigado em saber do que se tratava o livro que ela dizia ter feito.

Dentre todos os cadernos que tinha em suas mãos, o jornalista não se conteve diante do que falava sobre o cotidiano da favela, segundo ele, o texto tinha uma forma de narrar próximo à poesia e era tão forte que não poderia ser escrito por qualquer escritor, apenas por quem tivesse vivido a situação.

Empolgado, Audálio que trabalhava na extinta "Folha da Noite", correu para a redação do jornal e publicou alguns trechos dos textos que tinha visto. A edição da “Folha da Noite” de 09 de Maio de 1958 repercutiu em várias publicações do país e dois anos depois, era lançado o primeiro livro da escritora, “Quarto de Despejo”, que retratava a vida na favela que segundo ela, “Era o quarto de despejo de uma cidade, onde os pobres eram os trastes velhos".

A primeira edição de "Quarto de Despejo" saiu com trinta mil exemplares, foi reimpressa sete vezes em 1960, traduzida em 14 línguas em 20 países e no total vendeu 80 mil exemplares.

Carolina de Jesus lançou mais três livros: "Pedaços de Fome", "Casa de Alvenaria" (que retratava sua mudança da favela para uma casa de alvenaria, no bairro de Santana) e "Provérbios". Postamente, em 1982, foi lançado na França "Diário de Bitita", que chegou ao Brasil pela Editora Nova Fronteira em 1986.


Maria Carolina faleceu em São Paulo no dia 13 de Fevereiro de 1977, aos 63 anos de idade, deixando um legado de força e resistência.

Fontes: Folha de São Paulo, Museu afro brasileiro, jornal O globo.


Por Luciana Faustine


sexta-feira, 13 de março de 2015

Todas e todos às Ruas!!!

Temos em nosso país, uma jovem democracia conquistada com o suor e com o sangue de muitos jovens e trabalhadores brasileiros, dos quais somos herdeiros. Somos um povo guerreiro que aprendeu muito, e que constrói todos os dias o nosso país; um povo que sonha, que acredita, que luta, ama e sorri; nós decidimos nas urnas qual caminho e  direção gostaríamos que nosso país seguisse.
Mas aqueles que perderam nas urnas, que se auto intitulam os guardiões da moral e defensores do povo, com a ajuda da mídia golpista tentam confundir a população, e apresentam que a solução para o problema da corrupção é desconsiderar a opinião da maioria da população e pedem o impeachment da nossa presidenta da república.
Mas sabemos que esta é uma fachada que esconde seus reais interesses.
Eles querem golpear o país, como já fizeram antes. Eles bradam do alto das janelas dos caros condomínios onde moram, eles vão às ruas motivados pelo ódio, eles não suportam o fato de ter que dividir as salas da universidade com os pobres e com os negros, não admitem uma mulher presidenta da república, não querem mais avanços e mais direitos para a população, não defendem a soberania do nosso país, não defendem o que é público, prezam pelo privado, pelo individualismo, pela exploração, estão de olho no lucro individual que a Petrobras pode lhes dar, estão de braços dados com o imperialismo norte americano, querem voltar ao poder.
Nós estamos à postos, e não temos medo de dizer pelo que lutamos, estamos de braços dados com os países latino americanos, e em defesa da nossa soberania nacional, lutamos pelo bem coletivo, defendemos a Petrobras e o patrimônio do povo brasileiro, o petróleo é do povo! Nós somos contra a corrupção, e defendemos que sejam investigados todos e quaisquer crimes e punidos os culpados, mas sabemos que a corrupção não começou nesta década, e que está ligada a estrutura do nosso sistema político, e que a solução é fazermos uma reforma política democrática, que garanta que empresas não financiem mais as campanhas eleitorais.
                Não vamos permitir que nosso país sofra mais uma vez um golpe, um sábio e bom barbudo disse: “A história se repete, a primeira vez como tragédia e a segunda como farsa.”

                Convocamos todos aqueles que defendem a democracia para hoje, dia 13 de março de 2015, irem às ruas para defender nosso país, para defender a Petrobrás e lutar por mais democracia ainda. A Rua é nossa!

Por Renata Rosa
Da Guerrilha ao planalto

Filha de uma brasileira com um búlgaro naturalizado, no dia 14 de Dezembro de 1947, nascia Dilma Vana Rousseff. Oriunda de uma família de classe média alta, aos 17 anos a então adolescente Dilma, demonstrou seus primeiros interesses pelo socialismo, ingressando na luta armada de esquerda através da militância nas organizações COLINA (Comando de Libertação Nacional) e posteriormente da VAR-Palmares (Vanguarda Armada Revolucionária Palmares).

Depois de quase sete anos de militância, período em que ingressou na (POLOP) Política Operária, tornou-se responsável pelo Jornal O Piquete, aprendeu a lidar com armas e casou-se com Cláudio Galeno Linhares, militante cinco anos mais velho e que assim como ela defendia a luta armada, no dia 16 de Janeiro de 1970, momento em que o país lutava por democracia e liberdade de expressão, então com 23 anos, Dilma foi capturada pelos militares.

A prisão aconteceu após o militante José Olavo Leite Ribeiro, que frequentemente encontrava-se com Dilma, ter sido preso e torturado, sendo obrigado a contar sobre um encontro que teria com outros militantes em um bar da Rua Augusta, região central da capital Paulista.

Flagrada com uma arma, Dilma foi levada para a Operação Bandeirante, local em que anos depois o jornalista Vladimir Herzog perderia a vida. Na OBAN e depois no DOPS, a jovem militante foi torturada por 22 dias com palmatória, socos, pau de arara e choques elétricos. Condenada em primeira instância a seis anos de prisão, tendo cumprido três anos, Dilma deixou o Presídio Tiradentes no fim de 1972, casou-se novamente e em março de 1976 deu a luz a sua única filha, Paula Rousseff Araújo.

Após tornar-se mãe, forma-se em uma universidade, refazendo sua vida, anos mais tarde Dilma Rousseff retornaria a militância, dessa vez, através da política partidária. De 1985 a 1988, durante a gestão de Alceu Collares à frente da prefeitura de Porto Alegre, Dilma exerceu o cargo de secretária municipal da Fazenda. De 1991 a 1993 foi presidente da Fundação de Economia e Estatística, de 1999 e 2002 atuou como secretária estadual de Minas e Energia.

Em 2001 filiou-se ao PT (Partido dos Trabalhadores), no qual ajudou na campanha do então candidato Luiz Inácio Lula da Silva, assumiu a chefia do Ministério de Minas e Energia, a chefia do Ministério da Casa Civil e em 2010 foi escolhida para concorrer à eleição presidencial.

Mais uma vez mostrando sua força e determinação e entrando definitivamente para a história da política brasileira, no dia 31 de outubro de 2010, a guerrilheira Dilma, tornou-se a primeira mulher a ser eleita para o posto de chefe de Estado e chefe de governo em toda a história do país.

Em um país em que houveram tempos nos quais mulheres não votavam, uma mulher assumiu a presidência. Como presidente, em seu primeiro mandato colocou em prática algumas de suas pautas assim como deu prosseguimento em pautas defendidas pelo ex-presidente Lula e pelo partido dos trabalhadores. 



Por Luciana Faustine