segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Democracia e Poder

É certo que a reação da comunidade internacional sobre o recente golpe ao governo Zelaya impressiona, o golpe em Honduras está sendo duramente criticada, a Assembléia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) aprovou no ultimo dia 30/07, por aclamação, o projeto de resolução em que condena o golpe militar. A proposta apresentada pede que a ONU não reconheça nenhum outro governo que não seja o do presidente constitucionalmente eleito de Manuel Zelaya. O Banco Mundial congelou o repasse de US$ 80 milhões que Honduras começaria a receber em 1º de julho, O BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) congelou no dia 5 o repasse de US$ 800 milhões que estavam programados para Honduras a partir de agosto, a Organização dos Estados Americanos (OEA) suspendeu Honduras dos quadros da entidade, o Presidente Barack Obama suspendeu a cooperação militar EUA-Honduras, os 600 militares norte-americanos da base de Soto Cano não conduzem mais atividades conjuntas com os militares hondurenhos.Os governos populares na America Latina avançam cada vez mais na consolidação de seus projetos e o recém eleito presidente equatoriano, Rafael Correa, inaugura um novo mandato com a promessa de ‘‘radicalizar a revolução bolivariana”.

Será que o mundo avançou em sua concepção democrática? Em tempos onde a democracia é o maior valor de justificação ideológica, cabe dizer qual democracia estamos falando?

O processo político não é linear, as correlações de força tendem a se alternar mediante os tencionamentos de classe, essas estão sujeitas a tensões e a enfrentamentos que podem desbordar no terreno do campo democrático. O golpe militar aconteceu em reação ao plebiscito, no qual a população decidiria ou não pela convocação de uma Assembléia Nacional Constituinte em 2010, cujo objetivo principal seria a elaboração de uma nova Constituição para Honduras, a nova Carta Magna permitiria a terceira candidatura de Zelaya à Presidência do país e ampliaria a democracia participativa do povo hondurenho.

Micheletti trabalhou como presidente da empresa estatal de telecomunicações de Honduras, Hondutel, no final da década de 90. Enquanto esteve na presidência da Hondutel, Micheletti empenhou-se muito para privatizar a empresa, o golpe em Honduras é apoiado pela burguesia do país.

A luta pela hegemonia é sempre decisiva, não são as formas concretas que a democracia assume institucionalmente em dado momento histórico, mas o processo pelo qual as relações sociais são democratizadas. No mundo atual, boa parte da batalha de idéias que se trava entre as diferentes forças sociais centra-se na tentativa de definir o que é democracia, já que essa forma de regime político é hoje reivindicada por praticamente todas as correntes ideológicas, da direita à esquerda, ironicamente até renovada (Arena, UDN, PDS, PFL, DEMO) se diz democrática, isso não significa que acreditem efetivamente na democracia, mas sim que ampliou o reconhecimento de que a democracia é uma virtude imprescindível a condição social.

Torna-se central a democratização da política, isso faz avançar um “consenso social” de que o Estado deve agora levar em conta outros interesses que não os restritos interesses da classe dominante, e seus rumos estão em disputa de projeto, assim sem perder jamais o rumo estratégico torna-se necessário ter clareza de um programa mínimo de luta pelo poder, que leve em conta a democratização das relações sociais em contraposição ao poder econômico na política que direciona a ação política a apropriação privada dos mecanismos de poder, na medida em que a socialização da participação política deve ser cada vez mais ampliada.

Só podemos falar de democracia se houver socialização nas condições de vida do povo, uma sociedade onde os interesses de classe são antagônicos, o conceito “democracia” será sempre um conceito em disputa. O socialismo é condição necessária ao pleno desenvolvimento da democracia.

3 comentários:

UJS RIO PRETO disse...

Muito bom o texto Hobert, achei sensacional.

Samuel Bauru disse...

Si... mto bom pakitão

Blog do Rasta disse...

Gostei do texto camarada, acredito que a democracia tenha sentido de classe! Democracia pra quem?
Forte abraço
www.venhasambar.blogspot.com