Maria Clotilde Lemos Petta |
As políticas neoliberais e a expansão da educação superior privada
As políticas públicas de expansão da educação superior, após a década de 1990, devem ser compreendidas na sua inserção no processo histórico brasileiro. A ausência de políticas sociais mais efetivas imprime ao país uma das maiores desigualdades sociais aliada a uma das maiores concentrações de renda. Este quadro tem reflexos importantes também no campo da educação, contribuindo para a existência de altas taxas de analfabetismo e para a frágil escolarização formal da população. O acesso à educação ,, apesar dos avanços como maior abertura de vagas nas IES Públicas Federais, e programas como o Prouni, continua muito restrito, e não atende a demanda. O ultimo Censo Da Educação Superior (INEP/2009)revela que o Ensino Superior no Brasil ,já chegou à 5.954.021alunos.São 5.1milhões nos cursos presenciais e 80.000 nos cursos a distância(EAD)O numero de matriculas mais do que dobrou em uma década,sendo que o setor privado responde por 75% do alunado do ensino superior brasileiro.No entanto,a taxa de escolaridade líquida 15 %,ainda é uma das mais baixas do mundo.São mais de sete milhões de jovens sem oportunidades de cursar o ensino superior. Em comparação com outros países, incluindo os da América Latina, o Brasil apresenta um atraso histórico na área educacional, tanto no que se refere à constituição de um Sistema Nacional de Educação como no acesso e qualidade do ensino oferecido. (Saviani, 2009).
O conjunto de reformas educacionais e de leis de Estado para a educação, produzidas na chamada Reforma do Estado, sob o domínio do projeto neoliberal, aprofundou ainda mais a gravidade da situação educacional do país. O professor Valdemar Sguissardi, em artigo intitulado: “Modelo de expansão da educação superior no Brasil: predomínio privado/mercantil e desafios para a regulação e a formação universitária”, chama a atenção para o fato de que o documento do Banco Mundial, de 1994, “Higher education: the lessons of experience” (Educação Superior: as lições da experiência), transformou-se em referência para a política neoliberal de educação superior adotada no governo FHC. Este documento, entre outras propostas, considerava a universidade de pesquisa inadequada para os países em desenvolvimento e em seu lugar propunha a adoção da universidade de ensino (sem pesquisa). Salienta também que a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), aprovada em dezembro de 1996, possibilitou a edição de diversos decretos normalizadores imbuídos do espírito dessas recomendações. Entre eles, destaca-se o Decreto n. 2.306*1, de 19 de agosto de 1997, que reconhecia a educação superior como um bem de serviço comercializável, isto é, como objeto de lucro ou acumulação: uma mercadoria.
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