DANIEL ILIESCU
A União Nacional dos Estudantes aproxima-se dos 75 anos de vida cada vez mais jovem, plural, sintonizada e comprometida com os desafios do Brasil. O 52º Congresso da UNE, que terminou domingo, foi o maior e mais representativo da história. Participaram 1,6 milhão de estudantes nas eleições realizadas em 97% das universidades. Em Goiânia, estiveram presentes 10 mil jovens, de todos os estados, representando mais de 800 municípios. São indicadores de que temos uma juventude generosa, corajosa e mobilizada.
A UNE é chapa preta e branca, verde e amarela, vermelha e azul e de muitas outras cores. A pluralidade é uma de nossas principais características, combinando com a diversidade sociológica e cultural deste país continental. Estão na UNE estudantes de diversos perfis. Boa parte destes não é filiada a nenhum partido político. Entre os que são, encontram-se jovens do PT ao PSDB, do PCdoB ao DEM, do PSOL ao PMDB e também do PSB, do PDT, do PTB, do PPS e até do recém-fundado PSD.
Porém, apesar de seu passado indelével de protagonismo e intervenções legítimas e decisivas no curso das águas deste país, por seu caráter livre e diversificado, a UNE volta e meia é acusada, desde a sua fundação, em 1937, de possuir apenas uma cor, de favorecer apenas a um lado. A primeira ação da ditadura, na madrugada de 1º de abril de 1964, foi incendiar a nossa sede. Nos anos seguintes, centenas de estudantes foram perseguidos, torturados, executados. O argumento era o mesmo: o de que a UNE representava apenas um grupo, defendia o terrorismo. O aspecto intrinsecamente democrático e de muitas cores da UNE tem sido atacado há muito.
A História não deixa esquecer que a UNE já construiu parcerias com governantes tão díspares como Getúlio Vargas, a quem pressionamos para que o Brasil se posicionasse contra o nazismo e depois apoiamos na criação da Petrobras; Antônio Carlos Magalhães, governador da Bahia, que ajudou o Congresso da UNE em 1979; e o saudoso Itamar Franco, que devolveu a escritura do terreno da UNE no Rio aos estudantes.
Ao realizar este 52º Congresso, a UNE contou com o apoio de órgãos do governo federal, dirigido pelo PT, e do governo estadual de Goiás, dirigido pelo PSDB, obtendo legalmente o suporte necessário para estruturar uma atividade importante para o país. Da mesma forma, os principais veículos da imprensa brasileira recebem milhões de reais em verbas publicitárias do governo federal e não têm sua independência e seu senso crítico questionados.
As principais bandeiras que a UNE tem defendido encontram pontos de dissenso com o governo federal: a) sobre o Plano Nacional de Educação, a reivindicação da UNE é 10% do PIB para a Educação até 2014, em contraste com a proposta do governo, de 7% até 2020; b) sobre o veto do então presidente Lula à vinculação de 50% do Fundo Social do Pré-sal para a Educação, a UNE irá com tudo para a sua derrubada; c) sobre as abusivas taxas de juros praticadas pelo Banco Central, a UNE é radicalmente contra, em defesa de mais investimentos e desenvolvimento.
Agora, os estudantes se preparam para ocupar as ruas novamente no dia 31 de agosto, durante a Jornada Nacional de Lutas. Convocamos todas as chapas, não importa a cor que tiverem, para se unirem à nossa luta.
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