quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

ESPECIAL CARNAVAL : Plínio Marcos - Parte 1

Vamos lançar até a quarta-feira de cinzas uma série especial sobre a vida e a obra desse santista-brasileiro, cidadão da humanidade; artista de versos e mistérios, engajado e porra-louca.

Com vocês, Plínio Marcos.

"Para essa gente, os gurus do sistema, o passado é um exemplo, o futuro é uma esperança e o presente é um pé no saco".

ORIGEM

Plínio Marcos de Barros nasceu em Santos, em 29 de Setembro de 1935, e faleceu em São Paulo, em 19 de Novembro de 1999. Filho de um bancário (Armando) e de uma dona-de-casa (Hermínia), tinha 4 irmãos e uma irmã.] “A gente veio de origem mais ou menos humilde, mas minha infância foi muito feliz, pelo menos foi muito despreocupada. Morava numa vila de pequenos bancários – na Rua das Antigas Laranjeiras - e foi nessa vila que me criei.

A única dificuldade que eu tinha era exatamente o colégio. Eu não suportava a escola. [Grupo Escolar Dona Lourdes Ortiz] Levei quase dez anos para sair do primário. E quando saí já não dava mais para continuar estudando.” “Meu pai tentou me enfiar em todas as profissões possíveis. Ele dizia que, se eu tivesse uma profissão, sempre iria sobreviver.
"Então meu pai me botou de aprendiz de encanador.

E eu acabei ficando funileiro. A minha profissão mesmo é funileiro - é o que consta no meu certificado de reservista."[Seu pai, que era espírita, também o colocou para vender livros numa banca de livros espíritas numa praça de Santos.

Entre suas múltiplas atividades, inclui-se, ainda, a de estivador no cais do porto de Santos.] “ Para ser franco, eu, quando pequeno, era tido como débil mental. Não conseguia aprender. Meu poder de concentração era nenhum.”[Já adulto, afirmava que tinha sido canhoto na infância e que, pelos métodos educacionais da sua época de criança, fora forçado a usar apenas a mão direita, o que lhe dificultaria o aprendizado, impedindo-o de realizar os trabalhos escolares com a mesma rapidez dos seus colegas.

Isso, dizia, teria contribuído para torná-lo alienado do processo de aprendizado. Mas, o fato é que sempre realizava todas as atividades com a mão direita, inclusive escrever. E toda a sua obra foi manuscrita.] “Queria mesmo era ser jogador de futebol. Cheguei até a jogar no juvenil da Portuguesa Santista, no Jabaquara.” “Inclusive entrei para a Aeronáutica seduzido pela idéia de jogar no time dela.” [Começou a jogar na várzea santista, como ponta-esquerda, e era tido como bom jogador.]

CIRCO E TEATRO AMADOR

Começou a vida profissional como palhaço de circo.] “Eu queria namorar uma moça do circo, que conheci quando o cantor do nosso bairro foi cantar no circo. O pai dela só deixava ela namorar gente do circo.

Então eu entrei para o circo. Achei que era mais engraçado do que o palhaço e que eu devia ser palhaço.” “Eu tinha o apelido de Frajola, não porque andasse bem vestido, mas porque tinha saído uma revista em quadrinhos, Mindinho, com um gato chamado Frajola, que sempre queria pegar um passarinho – e eu fui preso roubando um passarinho numa casa, na ocasião em que saiu a revista.” [E usou esse apelido como palhaço de circo, o palhaço Frajola.]“Comecei a ficar mais fixo em circo depois que saí do quartel, com 19 anos.

Mas, desde os 16, já estava trabalhando como palhaço.” [Em 1953, percorria o interior paulista com a Companhia Santista de Teatro de Variedades, atuando como palhaço e humorista, e também dirigindo shows.] “Cheguei a ser humorista da Rádio Atlântico e da Rádio Cacique, de Santos”.
“Trabalhei em todos os circos, no Circo dos Ciganos, no Circo do Pingolô e da Ricardina, no Circo Toledo, Circo Rubi, da Aurora Viana e do Carvalhinho. Agora, o primeiro pavilhão em que trabalhei foi o Pavilhão-Teatro Liberdade, que ficou armado cinco anos em Santos [na Avenida Pedro Lessa, Macuco], dando espetáculos todas as noites.” “O circo era um pavilhão-teatro. Tinha a parte dos shows e tinha a parte do teatro.

Na primeira parte, a gente fazia os shows: entrava o palhaço, essas coisas todas, os números de circo; e, na segunda, tinha sempre uma peça. Eu fazia vários pequenos papéis. Nunca cheguei a fazer um grande papel, mas sempre com falas, papelzinho de destaque.” [Também começou a se apresentar na TV-5, de Santos, como humorista e como palhaço Frajola, alcançando grande popularidade. Já era apresentado nos shows como “o cômico mais querido da cidade”, ou “o cômico da televisão”.]

Em 1958, “a Patrícia Galvão, a Pagu, estava precisando de um cara pra substituir um ator de uma peça infantil que ela estava fazendo [Pluft, o Fantasminha] e que tinha que ser feita no dia seguinte. Me convidaram e eu fui. E lá fiquei conhecendo essa mulher maravilhosa.” “Ficamos amigos de infância.” “... quando encontrei a Pagu, conheci um grupo de intelectuais raríssimo.

E recebi uma forte influência desse grupo.” “Todos os domingos a Pagu fazia o Geraldo Ferraz [seu marido] ler uma peça pra nós. Peças como Esperando Godot.” “A gente ficava ouvindo a Pagu falar e aquilo nos despertava para ler, para estudar.” [Nessa época, é membro do Clube de Poesia, do jornal O Diário, de Santos, tendo várias poesias publicadas. Começa, também, a trabalhar ativamente no teatro amador santista, tradicionalmente de boa qualidade. Em 58 e 59, trabalha com sucesso como ator e/ou diretor em várias peças: Pluft, o Fantasminha, Verinha e o Lobo, Menina Sem Nome, A Longa Viagem de Volta, Escurial, O Rapto das Cebolinhas, Jenny no Pomar, Triângulo Escaleno, Fando e Lis.]
Fonte: http://www.pliniomarcos.com/

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