O Movimento GLBT da União da Juventude Socialista (UJS) divulgou na última quinta-feira (15) sua solidariedade à Associação da Parada do Orgulho GLBT de São Paulo, após a agressão sofrida por seu presidente.
No texto de apoio, a UJS destaca outros recentes atos de violência sofridos pelo movimento GLBT e cobra das autoridades medidas que garantam a liberdade sexual no Brasil e inibam a homofobia.
No texto de apoio, a UJS destaca outros recentes atos de violência sofridos pelo movimento GLBT e cobra das autoridades medidas que garantam a liberdade sexual no Brasil e inibam a homofobia.
Leia abaixo o texto:
Quem cabe no seu todos?
No dia 11 de fevereiro a Associação da Parada do Orgulho GLBT de São Paulo foi invadida, saqueada e seu presidente, Alexandre Santos foi agredido. No final de semana anterior três travestis foram assassinadas. Esses são exemplos explícitos da realidade vivida por pelo menos 10% da população brasileira, ontem e hoje. Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais têm sido alvo constante de violência, física e psicológica.
Contra isso pouco podemos fazer. A violência é institucional. Não existem leis federais que criminalizem a homofobia, permitindo que atos como os acima mencionados continuem ocorrendo, norteados por uma cultura intolerante de uns, e pelos fundamentalismos de outros.
O fato é que por mais que falemos de declaração universal de direitos humanos, princípios de Yogyagarta, tratados e protocolos internacionais a violência contra a margem têm sido política estrutural e consciente do sistema que governa nosso planeta. Os mesmos princípios que criam trabalhadores escravos, mulheres vítimas de violência doméstica, racismo explicito, trabalho infantil e fome no mundo também são responsáveis por algo além do analfabeto político.
É preciso entender, de uma vez por todas que a discriminação e a violência não são erros ou atos impensados, são eixos estruturantes de um projeto social, que consegue conceber direitos, mas para poucos. Os poucos que vivem no centro, que não são atingidos pela miséria, pelas crises e pela violência. Alexandre não vive no "centro". As travestis assassinadas tampouco. Assim como milhares de mulheres, operários, negros, estudantes e deficientes físicos. Pixote não estava no centro quando morreu, as 111 vítimas da direita no massacre do Carandiru também não. Eldorado de Carajás sempre esteve longe do centro. O centro está em Copacabana, Jardins, Morumbi, Cambui... E ali habitam os sócios do pequeno clube, homens, brancos, heterossexuais, cristãos, ricos e esteticamente perfeitos, pelo padrão da metrópole.
Nossas relações são marcadas pela opressão, de classe social, gênero, raça e orientação sexual. Enquanto não entendermos isso não haverá avanço, apenas retrocesso. O governo brasileiro deu um primeiro passo nesse sentido, criando o Programa Brasil Sem Homofobia, que tem servido de modelo para diversos outros programas estaduais e municipais que vão no mesmo sentido.
Contra isso pouco podemos fazer. A violência é institucional. Não existem leis federais que criminalizem a homofobia, permitindo que atos como os acima mencionados continuem ocorrendo, norteados por uma cultura intolerante de uns, e pelos fundamentalismos de outros.
O fato é que por mais que falemos de declaração universal de direitos humanos, princípios de Yogyagarta, tratados e protocolos internacionais a violência contra a margem têm sido política estrutural e consciente do sistema que governa nosso planeta. Os mesmos princípios que criam trabalhadores escravos, mulheres vítimas de violência doméstica, racismo explicito, trabalho infantil e fome no mundo também são responsáveis por algo além do analfabeto político.
É preciso entender, de uma vez por todas que a discriminação e a violência não são erros ou atos impensados, são eixos estruturantes de um projeto social, que consegue conceber direitos, mas para poucos. Os poucos que vivem no centro, que não são atingidos pela miséria, pelas crises e pela violência. Alexandre não vive no "centro". As travestis assassinadas tampouco. Assim como milhares de mulheres, operários, negros, estudantes e deficientes físicos. Pixote não estava no centro quando morreu, as 111 vítimas da direita no massacre do Carandiru também não. Eldorado de Carajás sempre esteve longe do centro. O centro está em Copacabana, Jardins, Morumbi, Cambui... E ali habitam os sócios do pequeno clube, homens, brancos, heterossexuais, cristãos, ricos e esteticamente perfeitos, pelo padrão da metrópole.
Nossas relações são marcadas pela opressão, de classe social, gênero, raça e orientação sexual. Enquanto não entendermos isso não haverá avanço, apenas retrocesso. O governo brasileiro deu um primeiro passo nesse sentido, criando o Programa Brasil Sem Homofobia, que tem servido de modelo para diversos outros programas estaduais e municipais que vão no mesmo sentido.
Infelizmente, para acabar com a homofobia será necessário mais que a criação de Centros de Referência. É preciso coragem para ver que a estrada não termina aí e vai muito além do se que vê; que o problema não está na madeira da porta, mas no alicerce da casa.
Desconstruimos esse modelo de sociedade, tensionando cada vez mais a luta de classes, ou seremos apenas um hiato, que não poderá fazer nada além do que uma carta de boas intenções. É preciso, urgente, definir quem cabe no nosso "todos", como diz nosso colega Beto de Jesus. A travesti pobre, a lésbica negra, o gay afeminado, o menino da Febem e a garota de programa precisam fazer parte do nosso todo. É ou não é?
Nossa solidariedade à Associação da Parada do Orgulho GLBT de São Paulo, e a todas que lutam por um outro mundo possível.
Nossa solidariedade à Associação da Parada do Orgulho GLBT de São Paulo, e a todas que lutam por um outro mundo possível.
Denílson Alves - Diretor de GLBTT da UJS São Paulo
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