Os manifestantes sairam do Masp em direção ao prédio da secretaria estadual de educação, onde protestaram contra o novo ocupante do posto mas já velho conhecido do movimento estudantil: o ex-ministro Paulo Renato (PSDB).
As entidades veem o fim do vestibular como uma vitória política, já que é uma bandeira levantada há muito pelos estudantes, mas consideram que a medida, por si só, não resolverá os problemas da educação. Além disso, os movimentos sociais que atuam na área reivindicam participação no debate sobre a alternativa ao vestibular a ser adotada.
A UBES, pelas palavras de seu presidente, Ismael Cardoso, discorda da fómula proposta feita pelo ministério da Educação de troca do atual vestibular pelo Enem (Exame Nacional do Ensino Médio). "Seria como trocar seis por meia dúzia. O melhor é aplicar o Enem de maneira seriada, ou seja, no final de cada ano do Ensino Médio", alega.
Já a presidente da UNE, Lúcia Stumpf, vê a necessidade de "uma discussão ampla com a sociedade, principalmente com a comunidade acadêmica. [A medida] Não pode ser colocada como uma proposta unilateral isolada. O vestibular é apenas um dos pontos para a universalização do ensino".
Paulo Renato na mira
Na chegada à sede da secretaria estadual de educação, os estudantes afirmaram que Paulo Renato de Souza representa um período de triste memória para o ensino público e que rejeitam a visão privatista e mercadológica por ele implantada quando ministro da educação de FHC.
De início, o secretário mandou anunciar que receberia uma comissão de lideranças para discutir as reivindicações. No entanto, mostrando-se pouco afeito ao debate e muito apegado ao ar condicionado do gabinete, colocou assessores como interlocutores e, repetindo sua prática antidemocrática dos tempos de Brasília, recusou-se ao diálogo.
"Mais uma vez ele demonstrou quem é de verdade. O movimento estudantil tem na memória aqueles oito anos terríveis e antidemocráticos. Agora, o seu início na secretaria de São Paulo aponta para uma relação truculenta e desrespeitosa para com os estudantes", avalia Augusto Chagas, presidente da União Estadual dos Estudantes de São Paulo. "O cenário com Paulo Renato não indica que vá reverter o descalabro na educação estadual que vimos nesses anos, em particular no governo José Serra", conclui.
Para Arthut Herculano, presidente da União Paulista de Estudantes Secundaristas, "a manifestação foi o início de uma grande campanha de denúncia da má qualidade da educação no estado e vai continuar até que as reivindicações para obter a escola que queremos sejam atendidas. Para a Upes a prioridade é unir a sociedade em defesa de um novo projeto educacional para o estado".
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