quarta-feira, 17 de junho de 2009

Um poema e uma imagem!

No meu mar!

Entrei no trem. Maravilhas de Luz. Me disseram que era para não naufragar, a agitação daquele mar é assim mesmo.
Comprei o ingresso na Festa de São João.
Festas de São João sempre foram encantadoras e eu sempre me lambuzei - pé de "muleque" é bom demais.
Entreguei um pacote de feijão, um de farinha e um kilo de açucar e mesmo assim a prenda não ajudou na mandinga.
Enfezei, subi descalça e mergulhei no mar! Piuiiiiiii!
Próxima estação Guaianazes!
Um mulatinho fogoso que come comigo na tigela, de sapato vermelho me bolina na cestaria de idéias sadias, calor infernal que arde as coxas.
A minha gata é a mesma da Pagú sim!
É safada e corriqueira...
Trepa na trave do galinheiro e seu glamour é mesmo o rabo:
Que agarra como serpente!
Mandinga de idéias no meu mar é só mais uma distração.
Não é verdade que encontramos comaradas embasbacados com as milhões de palavras do nosso vocabulário? Eu mesmo sou atrapalhada! E admiro quem se deixa embasbacar.
Admiro o parrudão que sobe o morro e pinta a cara de café. Esse é um cara predestinado, residente de um espaço especial, conversa com os poetas, com donos de apitos, apertadores de buzinas e gestores da ordem "natural". Canta, bebe e dança com as pretinhas, mas só consente quando abre suas janelas e observa a música objetiva.
Toda e qualquer explicação premeditada do estranho eu sou a primeira aindagar!
Termos desconhecidos precisam ser C O N H E C I D O S.
Não pode ser aquela telefonada direta ao detentor do vocabulário.
- Que é isso de ....? Que profissão ou produto pós-moderno é isso?
Não, não cabe.
Cabe é ficar assim, não querendo demonstrar ignorância na presença da instruída senhorinha (ou senhorinho), calar-se, mas dai e pra sí, sair para a lavoura dos livros avantajados que ensinam coisas.
Desalinhado, sonolento, empenhado a ponto de resolver...
Já no morro e no meu mar,
Apanhar flores no céu das estórias das crianças,
nascer com a cidade,
mesmo desconhecendo o trânsito, os apitos e as buzinas
Colocar-se no caminho para chegar as estrelas...
Aprendi isso aqui em meu mar,
é não naufragar.


Matilda Serpente

São Paulo, 17 de junho de 2009

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