quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Zumbi - Rei Quilombola



Zumbi

Rei Quilombola

Em um Brasil colonial e escravista, movido pela mão-de-obra negra, nasceu um negro bebê, por volta de 1655, dentro de um quilombo chamado Palmares que estava completando cerca de 60 anos, localizado na serra da Barriga, na capitania de Pernambuco, perturbava o governo local, o qual precisava destruí-lo.

Nessa mesma época uma expedição militar atacou o já famoso Palmares e entre vários estragos que causou, levou essa negra criança, que posteriormente iria ser dada de presente a um padre do distrito de Porto Calvo, chamado Antônio de Melo. Para prestar homenagem a São Francisco de Assis, ou simplesmente por vontade de colocar um nome católico na criança, o padre passou a chamar o menino de Francisco e assim o criou, sempre dentro das normas católicas. Embora o menino fosse escravo, Antônio de Melo não lhe deu o mesmo tratamento que outros escravos recebiam na colônia. Francisco, pode-se dizer, sem olvidar sua condição de escravo, recebia um bom tratamento, aprendeu a ler, recebeu boa educação para os padrões da época e aos 10 anos de idade foi iniciado no latim, quando começou a exercer a função de coroinha. Era extremamente inteligente, tanto que fez o padre Antônio de Melo escrever que ele possuía “engenho jamais imaginado na sua raça e que bem poucas vezes encontrara em brancos”.

Os medos, as histórias, os cochichos sobre Palmares se espalhavam por toda a colônia. O jovem coroinha conhecia as histórias de negros que para lá haviam fugido e assim tinham se livrado da escravidão, lá estavam seus verdadeiros descendentes, sua família. Francisco, com aproximadamente 15 anos de idade, resolveu fugir junto com outros escravos, abandonou o padre Antônio de Melo e voltou para o Quilombo dos Palmares, sua terra natal.

O primeiro feito do jovem Francisco depois da fuga foi negar a coisa que mais lhe fazia lembrar da sua condição de escravo: seu nome cristão. Autodenominou-se Zumbi, nome o qual não se sabe exatamente o significado, os mais prováveis são “Deus da Guerra”, “Fantasma Imortal” e “Morto Vivo”.

Zumbi rapidamente ficou famoso e querido dentro de Palmares, aos 17 anos já tinha assumido a importantíssima função de chefe guerreiro do quilombo. Foi com essa idade que liderou a grande vitória sobre os 600 homens de Antônio Jácome Bezerra, que haviam se lançado contra o Quilombo dos Palmares.
Abriu-se um tempo de duras derrotas para o povo palmarino e, enfraquecido, o rei de Palmares, Ganga Zumba, acabou assinando o acordou de paz com os portugueses, tentando fazer com que o quilombo respirasse no meio de tantas derrotas, porém recebeu forte oposição que levou-o a deposição e a sua fuga para Cucaú, assim Zumbi assumiu a liderança do Quilombo.

Como novo rei de Palmares, Zumbi expulsou os seguidores de Ganga Zumba e começou a organizar os mocambos de todo o quilombo de forma estratégica para a guerra que iria recomeçar, deu aos homens válidos uma forte preparação guerreira, aumentou postos de vigilância, fez estoque de armas e munição e melhorou as fortificações da capital. Palmares ressurgiu com força e foi o pesadelo de alguns senhores de engenho.

A resistência do quilombo durou até o inicio de 1665 quando os portugueses comemoraram a vitória, porém Zumbi ainda estava vivo, no início de 1695 foi reconhecido liderando um ataque à vila de Penedo, o governo preparou-se novamente para caçá-lo.

Antônio Soares, um dos chefes palmarinos sobreviventes foi capturado, torturado e teve a liberdade prometida se em troca entrega-se Zumbi. Ele, que era um dos homens no qual Zumbi mais confiava levou uma tropa pernambucana até ele. Chegaram a noite e armaram uma emboscada, a tropa se colocou escondida e Soares apareceu gritando por Zumbi, este alegre veio ao encontro do amigo, ao se aproximar teve um punhal encravado em seu estômago. A tropa escondida saiu de seu lugar e terminou de executá-lo. O calendário marcava 20 de novembro de 1665.

Muitos acreditavam que Zumbi era imortal, para acabar com esse mito o governo levou seu corpo até Porto Calvo e lá o decapitou. Sua cabeça foi salgada e espetada em um pedaço de pau para ser exposta na praça principal da cidade até que se decompusesse por inteiro.

No ano de 1978 o Movimento Negro Unificado transformou a data do assassinato de Zumbi no Dia da Consciência Negra, um dos objetivos foi opor essa data ao dia da libertação dos escravos, 13 de maio, já que a segunda na realidade só ocorreu graças a interesses do império em entrar em uma fase capitalista e não integrou os negros à sociedade. Quanto a região onde se encontrava o quilombo dos Palmares, hoje ainda vivem pessoas lá que se dizem descendentes daqueles palmarinos que viveram há séculos atrás. Alguns historiadores acreditam que Palmares ainda se reergueu, mesmo que muito debilmente, após a morte de Zumbi.

Fontes:
Caros Amigos - Rebeldes Brasileiros 1 - Zumbi/Chiquinha Gonzaga - Casa Amarela. MELLO, José Barboza. História das Lutas do Povo Brasileiro, Editora Leitura, 1973. www.odia.ig.com.br

Nenhum comentário: