Moção de
repudio
Pelo fim da
violência e extermínio da juventude negra e pela desmilitarização
das policias.
Nos deparamos a
cada dia com a ampliação do abismo social entre negros e
brancos, com relação à renda, emprego, escolaridade, acesso à
justiça e poder. O drama social acomete, com maior gravidade, a
população negra, que habita as favelas e periferias
desestruturadas, tornando presa fácil da criminalidade, assistindo
nossos jovens serem mortos pela violência urbana e nos negando
oportunidades de mobilidade social.
Dados levantados junto ao sistema penitenciário brasileiro apontam que o encarceramento, nos primeiros seis meses de 2012, superou a marca de 549.500 presos em todo o país, representando um aumento de 511% nos últimos vinte anos. A maior parte dos aprisionados é composta de jovens negros.
Dados do Ministério da Saúde mostram que metade das vítimas de homicídios no Brasil tem entre 15 e 29 anos e sete de cada dez jovens assassinados são negros, sendo mais de 90% do sexo masculino. O jovem negro que mora em bairros da periferia é o principal alvo da violência urbana no País. A manutenção ou mesmo ampliação destes índices aponta para uma “banalização” da violência cotidiana, a qual a juventude negra do nosso país é submetida, permeando as práticas tanto do poder público, quanto de grande parcela da sociedade civil e gerando uma realidade por nós compreendida como verdadeiro programa de extermínio da nossa juventude.
A política de
guerra às drogas tem servido de justificativa para a criminalização
da pobreza e é a principal responsável pelo grande índice de
homicídios que vitimizam os jovens negros que habitam as
periferias e favelas do nosso país. Essa guerra objetiva
punir somente o elo mais vulnerável de toda a cadeia
produtiva das drogas ilícitas. Os 'inimigos' a serem eliminados são
os pobres, negros, marginalizados e sem acesso à justiça. A
organização em que se estrutura a polícia militar no Brasil é
marcada por resquícios ideológicos do período ditatorial
(1964-1984), que vêem a população pobre e negra
como inimigos internos e potenciais criminosos, do mesmo modo
pelo qual as forças repressoras eram orientadas no período colonial
– combatendo e capturando os negros escravizados, em resistência.
São Paulo, 23 de
fevereiro de 2013
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