A União da
Juventude Socialista nos seus 30 anos de vida tem a marca da luta por
transformações sociais, foi assim que ajudou a reconquistar a democracia, que
resistiu às privatizações do período neoliberal e conquistou um novo ciclo de
mudanças inaugurado com a eleição do presidente Lula. Da mesma forma, no estado
de São Paulo lutamos para que esse ciclo de mudanças chegue ao nosso estado,
para isso precisamos arrancar os tucanos do Palácio dos Bandeirantes. Esta
plataforma contém os apontamentos para políticas públicas no estado de São
Paulo, neste 17º Congresso da UJS São Paulo gostaríamos de apresentar:
DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E INTEGRAÇÃO REGIONAL
São Paulo é o
estado mais rico do Brasil, detentor de um terço do Produto Interno Bruto
nacional e sempre foi considerada a locomotiva econômica do nosso país.
Entretanto, nos últimos 20 anos, notou-se um grande contraste entre a sua
riqueza e o desenvolvimento social do povo. São Paulo deve ser exemplo no plano
de desenvolvimento e integração, nosso estado deve ser desenvolvido em uma
escala correspondente a de sua enorme riqueza, é inadmissível em pleno século
21 sofrermos com falta de água, é uma afronta com a sociedade que paga bilhões
em impostos sofrer uma desumanidade desse tipo. Estradas privatizadas com
pedágios caríssimos, falta de políticas públicas voltadas para o desenvolvimento
tecnológico, falta de investimento na educação é a marca de um governo que não
pensa na sociedade como um todo. Nosso
estado não acompanhou o desenvolvimento social do país, e por isso sofre um
drástico atraso social, precisamos de políticas de integração regional.
TRANSPORTE PÚBLICO E MOBILIDADE URBANA
O tema da
mobilidade urbana ganhou relevo nos dias de hoje, já que sem políticas de
transporte é impossível se locomover nas grandes cidades. Neste sentido, a
política para o transporte deve guiar-se na lógica do transporte coletivo em
detrimento no transporte individual, criando mecanismos de integração regional
para além das estradas pedagiadas hoje existentes.
A malha
metro-ferroviária deve ser encarada como prioridade para o Governo de São Paulo,
sendo o principal modal tanto na Região Metropolitana de São Paulo, mas também
se estendendo por todas as regiões, no transporte de cargas e de pessoas.
·
Ampliação radical de investimentos no Metro e
CPTM
·
Extensão da malha metroviária na cidade de São Paulo
para regiões periféricas
·
Ampliação da CPTM para mais regiões do estado
·
Recuperação da malha ferroviária para transporte
de cargas
TRABALHO E PRIMEIRO EMPREGO
A exploração
juvenil é algo ainda muito presente em nosso estado, a juventude vive na
informalidade e é usada como ferramenta de mão-de-obra barata. Não existe
oportunidade no emprego formal. Todos sabem que o primeiro emprego é
fundamental para os jovens que precisam ajudar a sustentar as suas famílias ou
subsidiar os seus estudos.
O mercado de trabalho
exige algo que é impossível para o jovem que busca o seu primeiro emprego, a
experiência. É ilógico pensarmos que alguém que nunca obteve a primeira
oportunidade de emprego tenha a tal da experiência.
A oferta de
estágios para a juventude é escassa, e limitada para aqueles que se destacam em
concursos muito concorridos e pouco frequentes. Assim apenas uma pequena
parcela de estudantes é contemplada com oportunidade de estagiar e ter a chance
de ingressar no mercado de trabalho. Ainda assim os estagiários sofrem com a
desvalorização de seus trabalhos, com desvio de função, pouco subsidio e falta
de garantias para a contratação.
Reivindicamos
investimentos e suporte nesta área para que o ingresso do jovem no mercado de
trabalho comece ser o mais acessível possível. Sabemos que existem programas
como o “Jovem Aprendiz” que contribuem para a introdução do jovem no mercado de
trabalho, porém além do programa ser melhorado ele deve aumentar sua oferta de
vagas, através de parcerias, para que o maior número de jovens possa participar
e ter a mesma oportunidade.
O
governo deve deter de um programa que possa dar suporte e auxiliar para que
todos estagiários possam iniciar esta etapa de vida da melhor maneira possível.
EDUCAÇÃO
Atualmente o
estado de São Paulo enfrenta sua maior contradição na educação pública, não é
razoável que o estado mais rico do país tenha índices vergonhosos da qualidade
da educação. Na escola a juventude segue sem perspectivas de futuro, numa
instituição sem qualidade, onde faltam professores e estrutura adequada para um
ambiente de aprendizagem.
Os
professores, vivem um descaso do atual governo e são submetidos a trabalhar por
tão pouco, ter uma carga horária absurda, chegar numa sala com mais 40 estudantes
por sala, coisa que afeta os estudantes
faz com que os jovens cresçam com um ensino sem qualidade, e inclusive
são “progredidos” automaticamente, o que mostra o desinteresse da parte do
governo do estado para com a educação e que para mudarmos essa realidade é
preciso:
·
Reforma do ensino médio paulista
·
Eleição direta para diretor(a)
·
Mais investimento em infraestrutura
·
Laboratórios de informática e wi-fi para todos.
·
Ambiente de aprendizagem com democracia e
livre-organização do grêmio escolar.
·
Organização do Conselho Escolar, e dos
estudantes formando os grêmios estudantis que hoje sofrem por um grande
impedimento da parte das diretorias.
Na educação
superior, precisamos interromper o processo de exclusão e segregação em curso e
abrir as portas da universidade para o povo. Precisamos de um ensino superior
que atenda a demanda de cada região, através de uma grande mobilização do
governo estadual, ofertando mais vagas no seu ensino público superior, prezando
pela qualidade e referência de ensino. Nossas universidades e faculdades
tecnológicas estaduais devem acompanhar o desenvolvimento social. Precisamos
democratizar a oportunidade de vagas, políticas de cotas que possibilitem as
condições na disputa pelas vagas e permanência nos centros de ensino superior,
em destaque para a juventude negra e estudantes que cursaram integralmente na
rede pública de ensino. Pedimos especial atenção e medidas emergências para com
nossas FATEC’s, que estão sucateadas e precisam urgentemente de medidas para
reverter esta situação.
·
Instituir a reserva de vagas de 50% para
estudantes oriundos da escola pública, com recorte racial por curso e turno.
·
Ampliação e interiorização das universidades
estaduais com vistas a fortalecer a educação pública
·
Adotar o Exame Nacional do Ensino Médio como
forma de ingresso nas estaduais paulistas
·
Criação do Fundo e do Plano Estadual de
Assistência Estudantil com vistas a complementar a verba destinada a este tema
nas universidades estaduais e também nas universidades privadas
·
Ampliar radicalmente os investimentos nas FATECs
e ETECs, criando o Instituto Estadual de Educação Tecnológica
·
Criação de linha de fomento a pesquisa para
universidades privadas a fim de garantir acesso a ensino, pesquisa e extensão
nas universidades privadas e públicas
·
A profissão de tecnólogo deve ser regularizada,
e o governo estadual deve assumir o compromisso de contribuir para a efetivação
deste plano, assim como incentivar a disseminação desta profissão pelo estado.
SAÚDE
Nos dias de
hoje temos uma juventude que sofre com a falta de politicas para abordar os
problemas das drogas e da sexualidade, pensando nisso, pensamos em algumas
propostas para melhorar a vida de nossos jovens em suas comunidades e escolas.
·
Precisamos abrir o debate nas escolas e nos
espaços de juventude sobre a logica do raciocínio das drogas deixando de ser um
debate da perspectiva de segurança publica para integrar o debate de saúde
publica.
·
Fazer esses debates de forma mais avançada com
os motivos da proibição e as consequências para o corpo de cada jovem, hoje na
atual conjuntura podemos fazer isso com respaldo nas ações internacionais que
tem vem liderando o consumo, seja ele medicinal ou recreativo, e inclusive
fazer o debate tendo cada dia mais respaldo na jurisprudência da nossa justiça.
·
Inserir educação sexual na grade curricular das
escolas
·
Incentivar o debate referente à
descriminalização do aborto e assegurar no hospital público a oferta de aborto
seguro nos termos da lei
·
E trabalhar cada dia mais com a liberdade da
mulher onde meninas podem procurar profissionais da saúde sem o acompanhamento
dos pais para cuidar de seu corpo.
·
E potencializar o programa da saúde da família
para acompanhar a saúde dos jovens, e trabalhando com o fator prevenção.
CULTURA
Cultura e
juventude são conceitos que estão intrinsicamente ligados. A juventude com sua
rebeldia e criatividade é a quem mais produz e a que mais quer consumir
cultura. Nos últimos quase 14 anos de governo progressista, iniciado com Lula e
continuado por Dilma, tivemos importantes avanços neste setor. Podemos citar
como exemplos os programas “Mais Cultura Nas Escolas”, “Mais Culturas Nas
Universidades”, “O Vale Cultura”, o programa “Cultura Viva”e os “Pontos de
Cultura.
Entretanto em
São Paulo a realidade é diferente. O nosso estado é um dos poucos a não
desenvolver parcerias com o MINC para implementação de politicas públicas no
âmbito cultural. Para além disso temos o abandono dos equipamentos culturais já
existentes e uma criminalização e marginalização das artes de rua e eminentes
da periferia. É necessário pensar e construir uma vida cultural em nosso estado
que não seja pautada pela lógica dos eventos, como acontece com a Virada
Cultural Paulista, que tem mais de 50% do orçamento da secretaria estadual de
cultura destinado para si.
Os rolêzinhos,
fenômeno acontecido na capital de São Paulo, demonstram a necessidade e a
vontade dos jovens paulistas por aparelhos culturais acessíveis. Por entender
que a cultura é fator intrínseco à formação da identidade de um povo, além de
ser mecanismo de integração, aprendizado e convivência social, a UJS defende:
·
Adesão de São Paulo a todos os programas de
cultura do governo federal, tendo em vista que o governo estadual boicota e
deixa de pactuar e promover as ações do MINC.
·
Maior abertura de editais públicos na área da
cultura direcionados para a juventude. Editais estes com menos burocracia e
maior valorização das outras linguagens e produções artísticas, como as artes
de ruas e “periféricas”. Por exemplo editais que possam ser inscritos como o
CPF, como já acontece, por exemplo, como o programa VAI (Programa de Valorização de Iniciativas Culturais), iniciado na gestão de Marta
Suplicy e continuado na gestão Haddad, que já contemplou diversos trabalhos e
produções na capital.
·
Maior abertura do conselho de cultura,
tornando-o deliberativo e com ampla participação da sociedade civil.
·
Realização de oficinas e curso para capacitação
e formação cultural, tais como oficinas de editais e cursos técnicos na área.
Além de criação de programas de iniciativas de redes culturais.
·
Apoio ao jovem produtor cultural, como fácil
acesso a crédito para financiamento de projetos artísticos.
·
Maior participação popular e de outras entidades
do movimento social na construção dos pontos de cultura. É necessário também a
criação de pontos de cultura estadual e ampliação das fábricas de cultura que é
uma política já existente.
DESMILITARIZAÇÃO DA PM e O FIM DO GENOCIDIO DA JUVENTUDE NEGRA
A polícia
militar paulista segue um modelo anacrônico de segurança pública: abordagens
violentas e desrespeitos aos direitos básicos do cidadão. Os crimes policiais
contra a juventude acontecem todos os dias no nosso estado, e essa violência é
direcionada, ela tem cor, idade, espaço geográfico e classe social muito bem
determinada, a juventude negra - que mora na periferia e é o principal alvo da
faxina étnica promovida pela PM, braço armado do estado.
Por isso, a
necessidade da luta pela desmilitarização da polícia, pois sem a
desmilitarização não será possível iniciar a construção de uma nova cultura
policial que respeite o Estado Democrático de Direito.
Temos que
tratar a juventude como sujeito de direitos ao invés de ser um caso de polícia,
e reconhecer que o problema da violência é a desigualdade.
·
Uma penitenciária estatal limpa, com condições de
qualidade, com comida de qualidade e atividades para ocupar a mente, com
aparato de vigilância da conduta 24 horas por dia, com tecnologia própria;
·
Redução do policiamento ostensivo;
·
Formação da PM com caráter comunitário, que
tenha como princípio atender e compreender as especifidades regionais;
·
Acabar com a intimidação e a tortura como método;
·
Pelo fim da criminalização dos movimentos
sociais;
·
Luta contra a redução da maioridade penal.
POLITICAS PÚBLICAS PARA JUVENTUDE E PARTICIPAÇÃO POPULAR
Se muito
avançamos em âmbito nacional do que diz respeito à politicas publicas para
juventude, sabemos que no estado de São Paulo em nada avançamos.
Precisamos,
cada vez mais, lançar mão de ferramentas que qualifiquem o planejamento público
do desenvolvimento identificando o patamar que estamos e aonde queremos chegar.
Não estamos falando aqui de um “gerenciamento frio” das políticas públicas, mas
da sua aproximação com as demandas da sociedade. Podemos fazer isso cruzando as
propostas aprovadas nas diversas Conferências Nacionais com as diretrizes do
atual Plano Plurianual para observarmos a convergência entre ambos e projetar
os objetivos e metas seguintes.
Para demarcar
o espaço do avanço e impedir retrocessos, é preciso elaborar um discurso e uma
mensagem clara para fazer os jovens reconhecerem a importância do Estado
indutor do crescimento como financiador da proteção social e da garantia e
efetivação de direitos, tal como do planejamento governamental democrático para
a expansão do bem-estar social, forjando uma geração que defenda
intransigentemente os bens e serviços públicos e o Estado porque ferramentas
indispensáveis de sua nova condição.
Por isso
propomos:
·
Criação da Secretaria Estadual de Juventude;
·
Criação do Plano Estadual de Juventude - para
colocar em prática e em consonância ao estatuto da juventude as mais avançadas
PPJ's;
·
Mais espaços e serviços públicos para os jovens
paulistas;
·
Mapeamento da juventude paulista - tendo como
objetivo identificar onde e como vivem os jovens paulistas;
·
Diagnóstico da juventude encarceirada ou em
regime de internação no Estado de São Paulo;
·
Programas de conscientização dos jovens em
participar de atividades de cidadania;
·
Maior participação da juventude nos espaços
governamentais e espaços de decisões – reformulação do Conselho de Juventude;
·
Fóruns que possam contribuir melhor para a
formulação de políticas públicas para a juventude mais próximas de suas reais
necessidades.
·
Programas estaduais de inclusão do jovem no
mercado de trabalho.
Nenhum comentário:
Postar um comentário