Na ultima quarta-feira, dia 29 de outubro, estudantes da Universidade de Santo Amaro do campus II fizeram uma assembléia que terminou em uma manifestação por melhorias na educação e contra o processo de mercantilização da universidade.
O movimento ganhou corpo no inicio do semestre letivo, porém vem se organizando desde o inicio do ano passado quando a Universidade decidiu implementar a medida que instituiu na quase totalidade dos cursos que parte das disciplinas seriam ministradas via internet através do sistema de ensino à distância.
Outras medidas se seguiram após essa, os estudantes tinham direitos de 20 impressões diárias para seus trabalhos e apostilas dos cursos, esse direito foi reduzido para vinte semanais; as provas substitutivas antes gratuitas passaram a custar R$ 20,00; terrorismo na renovação das bolsas do prouni e da instituição onde a universidade não torna público os critérios para retiradas das bolsas nem mesmo depois de um pedido da comissão dos estudantes do prouni; catracas são instaladas para constranger o estudante inadimplente e impedir com que o estudante que por algum motivo não consiga fazer sua matricula em dia assiste aulas; professores e outros profissionais são demitidos. Tudo isso é potencializado pelo fraco resultado da instituição no ENADE ficando entre as ultimas do país.
No dia 7 de agosto o DCE e os DA's chamaram uma assembléia cuja presença de 300 estudantes deixou claro a insatisfação pelo que vinha ocorrendo na instituição. Nessa assembléia os estudantes debateram uma serie de propostas aprovando ao final uma carta de reivindicações que seriam apresentadas para a reitoria. Apenas depois de 2 meses e com uma nova assembléia marcada o movimento estudantil da UNISA conseguiu fazer uma reunião e discutir pessoalmente o conteúdo das reivindicações.
Em uma reunião difícil usando de ironia e de alguns preconceitos a reitora da universidade deu a mesma resposta para todas reivindicações: "não". Ela dizia que a redução de impressões fazia parte de uma política da universidade para incentivar o consumo consciente, os lideres estudantis rebateram afirmando porque, se há essa preocupação realmente, a universidade não faz nenhum debate sobre desenvolvimento sustentável e nem ao menos instala lixeiras de coleta seletiva. Sobre as catracas a reitora insistiu incisivamente que só será permitida a entrada de alunos regularmente matriculados. Quando indagada sobre o caso do estudante que estivesse em processo de negociação de sua divida e que não tenha conseguido realizar essa matricula ela chegou ao ponto de falar que se o aluno não tem como pagar que estude numa universidade pública, relembrando a celebre frase da rainha francesa, Maria Antonieta: "Se não tem pão, que comam brioche".
No dia seguinte os estudantes voltaram a se reunir em assembléia, indignaram-se com a situação e aprovaram por unanimidade um apitaço ao final da assembléia. Cerca de 150 estudantes deram a volta pelos corredores da universidade munidos de apitos e de um mega-fone. Durante o trajeto o movimento ganhou novas adesões e manifestações de apoio terminando com muitos aplausos e energia para conquistar uma nova universidade.
No dia seguinte alguns estudantes identificados pela reitoria como líderes do movimento receberam uma "Repreensão por Escrito" acusando-os de "perturbar a ordem no recinto da UNISA" e alertando para maiores punições no caso de "reincidência". A atitude da reitoria lembrou a intolerância que remonta tempos sombrios de ditadura em nosso país, uma clara tentativa de intimidar o movimento estudantil nessa universidade.
Assista o video do ato no You Tube: http://br.youtube.com/watch?v=849-6UR7lGE
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