
Como compositor, Anderson fazia as letras do grupo EIP (Exterminadores da Ignorância Preta) "Eram letras de identidade racial, para aumentar a auto-estima dos manos. Agora minha visão da política é mais complexa. Antes pensava que a revolução viria pelas armas, afinal, cresci em um bairro sem lei, vendo corpos pela rua. Peguei o primeiro revólver na mão com dez anos. Assim, era fácil imaginar uma guerra. Agora sei que a mudança chegará votando e elegendo gente comprometida com a mudança", argumenta o político de 33 anos.
As leituras passaram do líder negro norte-americano Malcolm X para o pensador alemão Karl Marx e, depois de eleito, para o regimento municipal. As letras de hoje, porém, continuam incisivas. "Político tem cara de besouro-rola-bosta/Eu sou inseticida que acaba com essa corja" é trecho da música Disciplina, que fez para o grupo OPS (Odiados Pelo Sistema).
A respeito da violência em seu município, Anderson culpa a falta de atuação das forças oficiais. "O Estado não se faz presente desde minha infância: no meu bairro só tinha a escola, mais nada. Dos 30 alunos homens da minha série, sou um dos poucos remanescentes. Muitos entraram para o tráfico e morreram. Mas eu sou um exemplo para a molecada que está vindo agora, para ocupar espaços de poder sem precisar ser um gerente de boca de fumo", dispara o "papo reto" de quem "corre pelo certo".
Anderson já era verador desde 2004, quando tentou a sorte nas urnas e conseguiu a eleição, como primeiro vereador petista do município - tanto é que foi o líder da oposição em muitos momentos como único representante dela.
A reeleição foi complicada, mas conseguiu ser um dos três únicos vereadores a se reeleger na cidade. "Fizeram tanta campanha difamatória que não sei como a minha própria mãe votou em mim", conta. "Muito irmão não votou em mim porque qualquer nota de R$ 20 compra a escolha do cara. Esse é a realidade."
Ele promete criar nos próximos anos uma casa de cultura hip hop semelhante a que existe em Diadema. Na gestão passada, conseguiu aprovar o 13 de maio como o dia municipal do hip hop: "É para apagar com essa falsa abolição que existe nesse dia."
Anderson fala em uma força coletiva após a conscientização e que a sigla 4P de sua denominação pode significar também "poder para o povo pobre, periférico e proletário". Ele diz acreditar que "uma revolução silenciosa" está começando por Francisco Morato.
Prova dessa mentalidade de grupo é que ele não conseguia durante a reportagem se adaptar ao formato da entrevista perfil individualizada em que se enquadra este texto: toda hora, ele interrompia as respostas para apresentar personagens da cidade e da comunidade. Como se o retrato só valesse se fosse do conjunto.
Fontes: UOL e Nação Hip Hop Brasil
2 comentários:
UJS-São Paulo aê!
Tropa de elite osso duro de roer!
Cara, Parabens pela luta, é no dia a dia, que com determinação, você venceu as eleições e se reelegeu, e com certeza conseguirá fazer o projeto em Francisco Morato similar ao de Diadema para a Galera do Hip Hop! Abração, Saudações Estudantis, JD
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