segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

É AGORA: Depois de sete anos de luta os estudantes de Suzano vão efetivar a conquista do passe-livre

Após 30 anos de um momento político com um prefeito que não conversava sobre essa pauta a luta foi retomada no fim do seu último mandato e em 2004, com a mudança de governo o projeto começou a sair do papel.

O militante da UJS, Arthur Felipe (Tuthu), é um dos responsáveis pela conquista e por meio de muitas lutas e dos companheiros da organização conseguiu levar mais de dois mil estudantes às ruas de Suzano buscando a conquista desses direitos.

“Em 2004 foi eleito um prefeito que nos ajudou a retomar essa luta, a antiga direção da UJS e o antigo presidente por meio de mobilizações conseguiram apresentar o projeto do passe-livre nas escolas da cidade. A primeira grande mobilização foi no dia 22 de abril de 2006 e reunimos 900 pessoas”, conta Arthur.

Ele afirma que mesmo com a elaboração do projeto, por estarem em um momento de transição entre os dois governos, os militantes tiveram muitas dificuldades para chegar ao Executivo e o Legislativo não colaborava.

Por meio do mote “Passe Livre Já” o ex-presidente da UMES e membro da UJS, Bruno César, tentou criar uma relação com o Legislativo da cidade mas não conseguiu nem entrar nas sessões da Câmara. “Então nós começamos a colar cartazes e denunciar o monopólio da viação Suzano, a empresa de ônibus atuante no momento”, diz.

Foi então que em agosto de 2007 foi feita uma agenda para mobilizações e a partir de pequenas reuniões dentro das escolas foram aprimorando, levando gente para a rua e em um mês o grupo de dez pessoas mobilizava seis escolas por dia. E mesmo encontrando resistência por parte de diversas diretorias no dia 22 de setembro de 2007 foi feito um ato político que se alastrou a ponto das direções e inspetorias chamarem ronda escolar, trancaram alunos nas escolas e autuaram jovens.

“Mas isso tudo não impediu dois mil estudantes de participarem do ato. Vimos alunos de quinta e sexta série dizendo ‘eu quero passe livre, é meu direito’ e enchendo o auditório para participarem do ato”.

Arthur conta que foi o ex-presidente da UJS de Suzano, John Anderson, que conseguiu formalizar a conversa com o prefeito e durante o ato o projeto foi apresentado por aclamação popular. “O Executivo da cidade apresentou o projeto, mas os nossos problemas não estavam resolvidos. Toda sessão de câmara, que acontecem nas quartas-feiras, os estudantes se dirigiam à porta do Legislativo com um carro de som pedindo para o projeto ser votado. Fomos agredidos e ameaçados pelos seguranças, a imprensa banalizava a nossa bandeira de luta e afirmava que era um pretexto para faltarmos às aulas. Por outro lado tivemos o apoio de personalidades, artistas, políticos e diversos quadros dos partidos de esquerda. Tudo isso através da UJS atuando pela UMES da cidade”.

No dia 25 de novembro o projeto foi sancionado, mas a empresa de ônibus, conhecida como Visu, barrou o projeto com uma liminar na justiça dizendo que não acatariam a lei. “Ele foi votado no município a favor da Visu, porém o executivo e estudantes recorreram e foi descoberto um projeto licitatório feito um mês antes da saída do ex-prefeito, que fechava um acordo de 14 anos com a Viação Suzano, sendo que ele é um dos acionistas da empresa de transporte”.

De acordo com Arthur agora vai acontecer outro processo de licitação de empresas de transporte e no mês que vem e as cláusulas referentes ao passe-livre serão inclusas nas cláusulas do processo. "Os estudantes tem que se organizar. Os muros e portões das escolas não serão uma barreira para nós se estivermos unidos".

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