Artigo Iago Gabriel
Ao pensar em um Brasil mais justo, democrático e soberano
não adianta deixar de pensar em um projeto de educação de qualidade que esteja
a serviço da nação. Sem educação não há fortalecimento da democracia, não há
igualdade social, não há progresso, logo, não há esperança para um país que não
tenha como prioridade a educação.
Historicamente nosso país vem se caracterizando como um
país portador de frágeis políticas
sociais. Reflexo disso, de um lado apresentamos os maiores índices de
desigualdade social e do outro, uma das mais altas concentrações de renda do
mundo. Com 50% de uma população de 192.847 milhões de pessoas em situação de
pobreza, esse panorama excludente tem reflexos importantes no campo da
educação. Da população com mais de 7 anos de idade, 11,2% são considerados analfabetos, sendo que destes,
aproximadamente 2,5 milhões estão na faixa de escolaridade obrigatória (7 a 14
anos). Mais de 2/3 da população (60,4%) não possui o ensino fundamental
completo, 15% dos jovens estão na universidade, dos quais 2% em universidades
públicas.
No âmbito estadual, assistimos um desmonte na escola
pública. Prédios e salas consumidos pelo tempo, professores desgostosos com
suas condições de trabalho e pelos salários baixos; aprovação automática, sem
critério para a aprovação do estudante; administração incompetente, etc.
Problemas esses que se desenvolvem há 20 anos baseados na política neoliberal
implementada pela direita, deixando a desejar aqualidade ofertada da nossa educação,
saúde, segurança pública, dentre outros.
Compete à nação, ao estado, à sociedade civil, aos
estudantes brasileiros e a todos os envolvidos com a educação gerar condições
para erradicar o analfabetismo e promover as mudanças urgentes e necessárias no
sistema educacional brasileiro.
As etapas da Conferência Nacional de Educação, realizadas em
2010, inauguraram um rico processo de construção coletiva, que desencadeou em
uma decisão política de submeter o debate em torno da construção do Sistema
Nacional Articulado de Educação, com a sociedade civil e o poder público como
participantes ativos.
Resultado disso foi o documento final do Plano Nacional de
Educação com metas, diretrizes e estratégias de ação a serviço dos estudantes,
educadores, funcionários e do povo brasileiro, que terá duração decenal. O PNE
teve papel de unir todos os que se preocupam com a educação brasileira e, por
essa razão, é um dos principais agentes para resolver o problema histórico
educacional do nosso país, abrangendo a educação integral, a universalização do
ensino infantil, a erradicação do analfabetismo e a valorização do profissional
da educação pública e privada.
Nesse processo precisamos focar mais nas mobilizações e
disputar a opinião dos que debatem educação, ganhar cada vez mais mentes para a
melhoria de um todo. Os estudantes brasileiros, os profissionais e toda a
sociedade civil organizada precisam pressionar o Congresso Nacional para que
seja aprovado imediatamente o PNE com as reivindicações dos estudantes e de todos
os envolvidos na área. Precisamos de uma educação a serviço da juventude
brasileira; um ensino de acordo com a realidade, focado na cultura regional,
flexível; uma escola acessível, que busque pela permanência do estudante e
preze pela qualidade da educação oferecida.
Mas para que isso aconteça é preciso mudar verdadeiramente o
sistema educacional por meio de seu financiamento. Precisamos de investimento
direto para alcançar um novo patamar de ensino. Precisamos de 10% do PIB e 50% do Fundo Social do Pré-sal destinados à
educação, investimentos esses que serão aplicados na expansão de vagas no
ensino superior público, no ensino técnico e na estrutura da escola atual,
refletindo numa inovação para o sistema educacional.
Esses novos rumos que precisamos pautar trarão mais
qualidade para o principal problema do nosso país, e ajudará a planejar a longo
prazo e criar mais condições para que a juventude brasileira possa se educar,
trabalhar e formar cidadãos dignos e em constante transformação.
Iago Gabriel é estudante, tem 19 anos é filiado a UJS de SP é Diretor de Grêmios da UPES.
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