segunda-feira, 16 de março de 2015

Tarda mas não falha

Tarda, tarda, tarda mas não falha aqui está presente à juventude do Araguaia. Qualquer pessoa que participe de alguma organização política, movimento estudantil ou algo parecido, provavelmente em algum momento da vida já escutou esse grito de guerra. Escrito em homenagem aos guerrilheiros do Araguaia, o grito é uma forma de sempre relembrar aqueles que morreram e desapareceram quando lutavam pela democracia em um país tomado pela repressão da ditadura militar.

A Guerrilha do Araguaia foi um movimento guerrilheiro existente na região amazônica brasileira, ao longo do rio Araguaia, entre fins da década de 1960 e a primeira metade da década de 1970. Criada pelo Partido Comunista do Brasil (PCdoB) tinha por objetivo lutar pela liberdade e pela democracia no país que vivia sob a perplexidade do temido Ato institucional nº 5 (AI5), publicado no dia 13 de dezembro de 1968 e que dentre outras coisas, permitia ao presidente cassar mandatos e suspender os direitos políticos de qualquer cidadão por dez anos.

Entre os diversos guerrilheiros desaparecidos no Araguaia, estava Dinalva Conceição Oliveira Teixeira ou "Diná do Araguaia", como era conhecida. Diná nasceu no estado da Bahia, em Castro Alves, no dia 16 de Maio de 1945. Em 1968, formou-se em Geologia na Universidade Federal da Bahia (UFBA) e em maio de 1970, juntamente com seu marido, Antônio, chegou ao Araguaia para iniciar a luta armada rural contra o governo militar. Como professora e parteira, ganhou fama e admiração entre os habitantes da região, nos anos de preparação da guerrilha, entre 1970 e 1972.

Seu preparo físico, força, facilidade de enfrentamento, espírito de liderança e personalidade decidida, lhe renderam a fama de invencível. Foi a única mulher a ser vice- comandante de um destacamento da guerrilha, enfrentou tropas militares por várias vezes, ferindo soldados e oficiais, sempre conseguindo escapar dos cercos do inimigo. Os militares tinham especial determinação em achá-la, considerando-a "perigosíssima" e uma ameaça à ação militar na região, no intuito de destruir o mito criado entre o povo do Araguaia para desmoralizar a guerrilha. Sua morte tornou-se necessária para o exército.

Após sobreviver ao ataque à comissão militar da guerrilha, ocorrido no dia 25 de Dezembro de 1973, que matou cinco guerrilheiros, Diná embrenhou-se na mata juntamente com outros companheiros, e ficou desaparecida até Junho de 1974, quando foi presa pelos militares. Enfraquecida, doente e desnutrida, ela foi levada à base em Xambioá onde foi torturada por duas semanas para que prestasse informações sobre a guerrilha.

Em dia não identificado ainda no mês de Junho de 74, foi colocada num helicóptero pelo então capitão Sebastião de Moura e levada para uma mata próxima, onde foi executada à tiros. Dada como desaparecida política, seu corpo nunca foi encontrado.


Por Luciana Faustine


Fontes http://www.rebelion.org/hemeroteca/brasil/040326alves.htm
http://pt.wikipedia.org/wiki/Dinalva_Oliveira_Teixeira
http://www.istoe.com.br/reportagens/detalhePrint.htm?idReportagem=2364&txPrint=completo

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